"Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra. E, vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes adiante; eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram; porque todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais. E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados;" (Marcos 6:47-51)
Quando um barco lotado de refugiados, a 500 metros da praia, começou a afundar, Abdullah Kurdi tentou salvar a sua família, mas, segundo as suas próprias palavras, meus filhos escorregaram de minhas mãos.
Posso imaginar, com o coração de pai e de avô, o desespero de Abduliah. Mais tarde, o corpo de um dos seus filhos, o pequeno Aylan Kurdi, de apenas três anos, foi achado morto na praia. Uma foto que chocou o mundo. E foi pensando nisso que entendi: estamos todos no mesmo barco de Abdullah Kurdi.
Um barco açoitado por ondas bravias e ventos impetuosos, lotados de pais desesperados, tentando salvar seus filhos das drogas, da gravidez na adolescência, do alcoolismo, da mentira, da violência urbana, das más companhias e da perdição eterna. Olhamos para a foto de Aylan, morto na praia, e nos emocionamos ao pensarmos na hipótese de, se no lugar dele, estivesse um filho, neto ou sobrinho.
A dor é tão grande que nos esquecemos que, pior, incomparavelmente pior, é a morte eterna. Nossos filhos não podem escorregar das nossas mãos.
Não geramos filhos para povoar o inferno. Eles foram entregues a nós pelo Senhor e nós iremos entregá-los de volta ao Pai (Nosso). Quando os filhos começam a escorregar das nossas mãos?
1. Quando não oramos por eles e com eles.
2. Quando nossas atitudes negam as nossas palavras.
3. Quando permitimos que eles desobedeçam a Deus, de forma sistemática, dentro das nossas casas.
4. Quando não colocamos limites para suas ações e palavras.
5. Quando confundimos fidelidade com cumplicidade.
6. Quando existem tios demais e pais de menos.
7. Quando terceirizamos apenas para a igreja o ensino bíblico.
8. Quando não temos tempo para ouvi-los.
9. Quando qualquer desculpa é aceita para que eles se ausentem da igreja.
10. Quando ensinamos nossos filhos a decidirem por dinheiro.
Onde estava Deus quando Aylan caiu no mar?
Ele estava onde sempre esteve.
Antes mesmo do soldado carregar seu corpo frio na praia turca, o Senhor já o havia levado no colo para casa.
Onde está Deus agora, quando o barco da nossa casa está açoitado por ventos e ondas tão ameaçadoras, e nossos filhos estão escorregando das nossas mãos, prestes a caírem no mar?
Ele está onde sempre esteve, pronto para vir ao nosso encontro, andando por cima das ondas, enfrentando ventos impetuosos e dizendo:
Tende bom ânimo. Sou eu. Não temais. (Marcos 6:50)
Por Pastor Marcelo Gualberto, diretor nacional da MPC (Mocidade para Cristo)
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